quinta-feira, 20 de setembro de 2012
A batata quente do câncer nas minhas mãos
Ainda abalada com a morte da minha mãe o destino parece não me dar folga.
Há alguns meses sinto um nóluto pequeno na mama esquerda.
Acreditei ser algo relacionado ao período menstrual.
Deus providenciou uma mastologista maravilhosa, Dra. Daniele Calvano, que me orientou e solicitou todos os exames necessários para ficarmos tranquilos.
Há muitos casos de câncer na família, então qualquer anormalidade é preoculpante.
Praticamente todo dia um exame. Mamografia, ecografia mamária, ressonância, core biópsia.
Quase todos os dias recebia uma ligação da Dra. perguntando o andamento dos exames.
Essa atenção me deu a segurança que precisava no momento.
Minha mãe ainda estava internada na ocasião e era necessário alternar o tempo para cuidar da minha saúde.
Realmente, havia um nódulo de aproximadamente um centímetro, de má formação e pontos que denunciavam um tumor malígno.
Uma semana após a morte da minha mãe recebi o resultado da biópsia.
Saber que esse nódulo tratava se de um carcinoma ductal infiltrativo não me deixou tão arrasada até o google me responder que se tratava de um câncer de mama.
Quase que ao mesmo tempo recebi a ligação da Dra. Daniele para uma consulta mais que especial.
Era uma realidade que precisava ser encarada de frente apesar de toda tristeza, dor e saudade.
Dessa vez a batata quente do câncer estava nas minhas mãos.
sábado, 15 de setembro de 2012
Perdí minha pérola mais preciosa, minha mãe
Desta vez trago pérolas tristes...
Deixei de lado o blog por milhares de problemas pessoais e hoje retomo para contar a minha realidade.
De janeiro a setembro de 2012, foram meses de luta, passando de hospital em hospital em busca de atendimento para minha mãe que sofria de câncer de ovário desde 2006.
A péssima qualidade dos hospitais públicos do Distrito Federal nos deixou sem alternativas... A doença avançou... As dores aumentaram... e no final de agosto, conseguimos transferi-la para o Hospital de Apoio. Um hospital em que posso afirmar com toda certeza, possui os melhores médicos do mundo.
Mas o nome diz tudo: Hospital de Apoio, era apenas um paliativo para nossa situação.
Passamos quase três semanas lá. E minha mãe pode receber o melhor atendimento possível. Desde a alimentação aos cuidados psicológicos... mas a doença já estava sem controle e não tinhamos noção da gravidade.
Ela sempre foi uma mulher forte, nunca dependia de ninguém. E todos no hospital admiravam tamanha garra. Aparentemente minha mãe estava bem melhor que todos os outros pacientes, que aguardavam o momento da partida. Ali não tinha muito o que fazer... a morfina aliviavam as dores... até que não faziam mais efeito e os pacientes se despediam, abrindo leito para outros que necessitavam dos mesmos cuidados na sua fase final da vida.
Como falei antes, minha mãe parecia bem, Estava ali para descansar, se alimentar melhor, ser medicada conforme a sua necessidade. Passou o primeiro final de semana em casa, depois retornou. Todos sabíamos como funcionava aquele hospital. Mas acreditava que ela estava ali apenas para se fortalecer. Por vezes foi trocada de quarto por estar melhor que todos ali. Para não ficar depressiva ao ver pacientes em estágio tão grave.
Me revezava com minha irmã para dormir com ela, e lhe fazer companhia durante o dia. Mas para todas as suas necessidades ela não dependia da gente... Se levantava sozinha, comia sozinha... Mas precisávamos estar ali. Nosso amor era necessário, nossa presença era fundamental para sua recuperação.
Mas de uma hora pra outra o quadro mudou.
No dia 5 de setembro, pouco depois de acordar, não se sentiu bem.
Uma convulsão... Dores constantes...
No almoço, o peixe empanado que seria dividido comigo, ficou no prato.
A morfina foi perdendo seu efeito e a cada hora as dores avançavam mais.
A noite, com a constatação de uma anemia e a transfusão de sangue, a situação fugiu do controle.
Houve tempo para orar alguns salmos e iniciar o terço.
Houve tempo para se despedir pessoalmente das crianças.
Houve o perdão...
Houve a ultima benção e um carinhoso beijo na mão.
A mulher mais importante da minha vida, minha mãe, nos deixou pouco antes da meia noite.
Muita tristeza....
Sensação de ter perdido.... uma guerra em que o câncer venceu mais uma vez.
"Viver é sempre dizer aos outros o quanto eles são importantes. Porque um dia eles se vão e ficamos com a nítida impressão que não amamos o suficiente" Chico Xavier
Deixei de lado o blog por milhares de problemas pessoais e hoje retomo para contar a minha realidade.
De janeiro a setembro de 2012, foram meses de luta, passando de hospital em hospital em busca de atendimento para minha mãe que sofria de câncer de ovário desde 2006.
A péssima qualidade dos hospitais públicos do Distrito Federal nos deixou sem alternativas... A doença avançou... As dores aumentaram... e no final de agosto, conseguimos transferi-la para o Hospital de Apoio. Um hospital em que posso afirmar com toda certeza, possui os melhores médicos do mundo.
Mas o nome diz tudo: Hospital de Apoio, era apenas um paliativo para nossa situação.
Passamos quase três semanas lá. E minha mãe pode receber o melhor atendimento possível. Desde a alimentação aos cuidados psicológicos... mas a doença já estava sem controle e não tinhamos noção da gravidade.
Ela sempre foi uma mulher forte, nunca dependia de ninguém. E todos no hospital admiravam tamanha garra. Aparentemente minha mãe estava bem melhor que todos os outros pacientes, que aguardavam o momento da partida. Ali não tinha muito o que fazer... a morfina aliviavam as dores... até que não faziam mais efeito e os pacientes se despediam, abrindo leito para outros que necessitavam dos mesmos cuidados na sua fase final da vida.
Como falei antes, minha mãe parecia bem, Estava ali para descansar, se alimentar melhor, ser medicada conforme a sua necessidade. Passou o primeiro final de semana em casa, depois retornou. Todos sabíamos como funcionava aquele hospital. Mas acreditava que ela estava ali apenas para se fortalecer. Por vezes foi trocada de quarto por estar melhor que todos ali. Para não ficar depressiva ao ver pacientes em estágio tão grave.
Me revezava com minha irmã para dormir com ela, e lhe fazer companhia durante o dia. Mas para todas as suas necessidades ela não dependia da gente... Se levantava sozinha, comia sozinha... Mas precisávamos estar ali. Nosso amor era necessário, nossa presença era fundamental para sua recuperação.
Mas de uma hora pra outra o quadro mudou.
No dia 5 de setembro, pouco depois de acordar, não se sentiu bem.
Uma convulsão... Dores constantes...
No almoço, o peixe empanado que seria dividido comigo, ficou no prato.
A morfina foi perdendo seu efeito e a cada hora as dores avançavam mais.
A noite, com a constatação de uma anemia e a transfusão de sangue, a situação fugiu do controle.
Houve tempo para orar alguns salmos e iniciar o terço.
Houve tempo para se despedir pessoalmente das crianças.
Houve o perdão...
Houve a ultima benção e um carinhoso beijo na mão.
A mulher mais importante da minha vida, minha mãe, nos deixou pouco antes da meia noite.
Muita tristeza....
Sensação de ter perdido.... uma guerra em que o câncer venceu mais uma vez.
"Viver é sempre dizer aos outros o quanto eles são importantes. Porque um dia eles se vão e ficamos com a nítida impressão que não amamos o suficiente" Chico Xavier
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